Muitas pessoas sonham em fazer seu dinheiro render, mas poucas se planejam para isso. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida revela que 58% dos brasileiros frequentemente consideram o planejamento financeiro para o futuro.
Entretanto, a dificuldade de gerenciar as despesas e economizar é o principal obstáculo para quem quer investir. Segundo o levantamento, 41% dos entrevistados apontaram esse como o maior desafio na hora de cuidar das finanças.
O especialista em finanças e investimentos, Eduardo Mira, defende que a forma de se relacionar com o dinheiro pode ser determinante nesse processo. Ele explica que a relação com as finanças varia de acordo com as vivências pessoais e familiares.
“Muita gente considera o dinheiro um mal necessário e não gosta de ter que pensar no assunto, enquanto outras pessoas o veem como uma ferramenta para realizar sonhos”, completa Mira em artigo publicado. Para superar essa barreira, é preciso definir metas financeiras claras e realistas, de acordo com a renda e os objetivos de cada um.
As metas financeiras são os passos que devem ser seguidos para alcançar determinado resultado, como comprar um carro, viajar, se aposentar, investir em renda variável ou simplesmente ter uma reserva de emergência.
Como planejar metas financeiras?
O processo de planejamento financeiro inicia-se por meio de um diagnóstico que mapeia o orçamento pessoal ou familiar. O conselheiro e investidor Anderson Andrade explica que o diagnóstico financeiro é uma ferramenta essencial para compreender o patrimônio acumulado, a renda mensal e outros aspectos.
“Em outras palavras, o diagnóstico financeiro é como uma radiografia das suas finanças, permitindo projetar cenários e identificar mudanças necessárias”, completa Anderson em artigo publicado. E para iniciar esse passo, é necessário registrar todas as receitas e despesas, de forma detalhada e categorizada, em um período de tempo.
Depois, é aconselhável comparar as receitas e as despesas, e verificar se há saldo positivo (superávit) ou negativo (déficit). A partir disso, é possível avaliar o nível de endividamento, considerando o valor total das dívidas, as taxas de juros, os prazos de pagamento e a capacidade de quitação.
Dessa forma, fica mais fácil identificar os gastos desnecessários ou excessivos, que podem ser reduzidos ou eliminados. Além de ser possível planejar uma reserva de emergência, que é um valor destinado a cobrir imprevistos ou situações de crise, equivalente a pelo menos seis meses de despesas fixas.
Anderson ainda aconselha evitar novas dívidas nesse momento e priorizar compras à vista em vez do crédito. “Em alguns momentos, evitar adquirir novas dívidas pode parecer um desafio, mas tomando algumas medidas simples, é possível prevenir que novos compromissos financeiros prejudiquem seu orçamento”, destaca.
Após o diagnóstico, é importante definir os objetivos, uma parte crucial do planejamento, pois é quando se decide o que se quer alcançar com os investimentos. Para isso, é preciso considerar três aspectos: o valor, o prazo e o risco. O valor é quanto dinheiro é necessário para cada objetivo, o prazo é quanto tempo se tem para atingi-lo e o risco é quanto se está disposto a perder ou ganhar no caminho.
Por fim, chega o momento de escolher os melhores investimentos, avaliando três aspectos: o perfil de risco, a rentabilidade e a liquidez. O perfil de risco é o grau de tolerância às oscilações do mercado; a rentabilidade é o retorno esperado do investimento e a liquidez é a facilidade de resgatar o dinheiro quando precisar.
Bons investimentos para iniciantes
Depois de definir as metas financeiras e fazer o diagnóstico, é hora de escolher os investimentos que serão feitos para alcançá-las. Nesse momento, pode surgir a dúvida de quais são os melhores investimentos para iniciantes.
Não há uma resposta única para essa pergunta, pois cada investimento tem suas características, vantagens e desvantagens e depende do perfil de risco, do prazo e da rentabilidade esperada de cada investidor.
Por isso, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) aconselha que os investidores façam o processo de suitability, que é a análise de perfil de adequação do investidor. Esse processo visa identificar o perfil de risco, o prazo e a rentabilidade esperada de cada investidor, e indicar os produtos de investimento mais adequados para cada um.
Outra recomendação da Anbima é que os investidores busquem conhecimento e educação financeira para tomar decisões mais conscientes e assertivas sobre os seus investimentos. A Anbima oferece cursos online gratuitos, como o “Como investir em você”, o “Partiu investir” e o “Prêmio de Mercado de Capitais”, que abordam temas como planejamento financeiro, metas financeiras, tipos de investimento, riscos e rentabilidade, entre outros.